Quando uma carta muda tudo: o que o Tarot realmente é
Tarot não é sobre prever o futuro. É sobre se enxergar de verdade. Descubra a jornada simbólica por trás das cartas e dos arcanos.
TAROT
Nykalios
7/30/20254 min read


Você já sentiu que uma simples imagem podia te atravessar como uma onda?
Eu senti. E foi com O Louco.
Não por acaso. Era uma noite chuvosa (claro, sempre é em histórias como essa), e eu estava em silêncio, baralhando pela primeira vez um deck que herdei, não de alguém da família, mas de mim mesmo, de um “eu” antigo que havia decidido acreditar de novo. Tirei uma carta sem pensar, e lá estava ele: o andarilho, o inocente, o precipício. Um espelho. Um empurrão.
Mas afinal... o que é o Tarot?
(Respira fundo comigo, porque a resposta não é simples, e talvez nem devesse ser.)
Muito além de um “baralho místico”
É fácil (e tentador) reduzir o Tarot a uma forma de adivinhação.
Você embaralha, tira uma carta, interpreta, e pronto: uma previsão, uma resposta, um veredito.
Mas não é isso.
O Tarot é, acima de tudo, um espelho simbólico da alma humana.
Ele revela, não impõe. Provoca, não decreta. É uma linguagem que fala em imagens, arquétipos, metáforas. Um código fluido que se adapta ao leitor, ao consulente, ao momento.
E, como qualquer espelho honesto, ele mostra não só o rosto, mas também o que está por trás dos olhos.
Das mesas renascentistas às mãos inquietas de hoje
A história do Tarot começa como jogo. Literalmente.
Nascido no século XV, o baralho original era usado para entretenimento nas cortes italianas. Nada de misticismo, nada de premonição. Apenas figuras alegóricas, imperadores, papas, a morte, a fortuna, brincando sobre a mesa como peças de teatro.
Foi só com o passar dos séculos que essas imagens começaram a ser percebidas como mapas interiores. As cartas deixaram de entreter para começar a revelar. E assim o Tarot deixou de ser apenas um jogo, e se tornou uma jornada.
Os Arcanos: mais que cartas, caminhos
O baralho completo possui 78 cartas, divididas entre 22 Arcanos Maiores e 56 Arcanos Menores.
Os Arcanos Maiores formam a espinha dorsal do Tarot. São como estações arquetípicas pelas quais todos passamos, às vezes mais de uma vez.
Não por acaso, muitos enxergam nessas 22 cartas uma espécie de roteiro para o autoconhecimento. Uma jornada do Louco ao Mundo. Do zero ao todo. Da ignorância à integração.
Abaixo, cada um deles, cada capítulo de uma jornada mítica e pessoal (e, se quiser, pode clicar para seguir):
Já os Arcanos Menores representam o cotidiano, as emoções, desafios, conflitos e aprendizados do dia a dia.
Eles são divididos em quatro naipes, cada um ligado a um elemento e a um domínio da experiência humana:
Paus (elemento fogo: ação, desejo, criatividade)
Copas (elemento água: sentimentos, amor, intuição)
Espadas (elemento ar: mente, conflitos, decisões)
Ouros (elemento terra: trabalho, corpo, dinheiro, mundo material)
Cada naipe contém 14 cartas: do Ás ao 10, seguidas pela corte (Valete, Cavaleiro, Rainha e Rei).
Não são menos importantes. Apenas falam mais baixo, com linguagem do cotidiano, mas às vezes é aí que o oráculo sussurra mais alto.
Tarot não adivinha, revela
Essa talvez seja a virada de chave para quem se aproxima do Tarot com desconfiança.
Não, ele não vai te dizer com quem você vai casar. Nem quando vai conseguir aquele emprego.
Mas ele pode, com precisão quase assustadora, te mostrar por que você ainda não largou aquela relação insustentável, ou o que realmente teme ao mudar de cidade, ou ainda como anda sabotando seus próprios planos.
Em outras palavras: o Tarot não prevê o futuro. Ele escancara o presente, especialmente aquelas partes que você não queria olhar.
Projeção? Talvez. Mas e daí?
Há quem diga que tudo que vemos nas cartas é apenas projeção da mente.
Talvez seja.
Mas... e se for?
Isso não torna o Tarot menos poderoso, na verdade, torna-o ainda mais fascinante.
Porque, se você está projetando algo nas cartas, é porque algo dentro de você quer se mostrar. Quer ser ouvido. E o Tarot, então, funciona como um teatro silencioso, onde as personagens são suas emoções, seus medos, seus desejos, encenando algo que você precisava assistir de perto.
(Agora, pense em quantas vezes você fugiu dessa plateia.)
Uma experiência, não um sistema fixo
Se tem uma regra que vale no Tarot, é essa: ele funciona diferente para cada pessoa.
Alguns usam técnicas específicas, estruturas fixas, métodos rigorosos de leitura. Outros, mais intuitivos, seguem o fluxo simbólico das imagens e do momento.
Ambas abordagens funcionam, desde que haja escuta genuína.
Porque mais do que um sistema fechado de respostas, o Tarot é um campo aberto de perguntas certas.
Você olha a carta...
Ela olha de volta.
Um momento pessoal (e um pouco desconfortável)
Tive uma fase em que evitava tirar cartas.
Não porque não acreditava.
Mas porque sabia que elas iriam mostrar o que eu estava evitando.
Houve um dia, desses em que tudo parece meio cinza por dentro, em que tirei o Três de Espadas.
Três lâminas atravessando um coração.
Naquele instante, não precisei de livro, nem de explicação técnica. Eu soube exatamente o que era.
Doeu. Mas libertou.
Às vezes, saber que estamos partindo o próprio coração já é o primeiro passo para parar de fazer isso.
Mas o Tarot é para mim?
Sim.
Se você tem curiosidade.
Se está disposto a ser honesto consigo mesmo.
Se está em busca de mais perguntas que respostas.
Não é preciso ser esotérico, místico, bruxo ou qualquer outro rótulo.
O Tarot não exige fé, exige presença.
E não, não é preciso entender tudo. Nem decorar todos os significados.
Você pode aprender aos poucos.
O mais importante é: sentir o que a carta te provoca.
A última carta (ou quase)
Lembra do Louco que mencionei lá no começo?
Ele está sempre à beira.
De um penhasco. De um novo ciclo. De um abismo, talvez.
Mas com o coração aberto, o olhar para o alto e o passo pronto.
O Tarot não é um mapa fixo.
É um convite.
A se ver. A se escutar. A se mover, mesmo sem garantias.
Talvez seja essa a sua mágica.
Agora, pensando bem...
E se você tirasse uma carta hoje, sem nenhuma pergunta específica, só para ver o que vem?
Quem sabe... você encontre a resposta que nem sabia que queria.


Pagão e bruxo. Compartilho meus aprendizados e conhecimentos com todos os interessados nesse mundo maravilhoso!
© 2025. All rights reserved.
