O Eremita no Tarot: A Sabedoria Silenciosa do Arcano IX

Conheça o profundo significado do Eremita no tarot. Um arcano que convida ao silêncio, ao recolhimento e à busca pela verdade interior. Descubra o que só pode ser ouvido quando o mundo cala.

TAROT

Nykalios

8/6/20253 min read

Quando o Eremita se perde na caverna

Pollack aponta que, invertido, esse arcano pode indicar isolamento excessivo, rigidez mental, ou uma arrogância espiritual disfarçada de sabedoria. Quando o silêncio vira prisão, e não caminho.

Às vezes usamos o discurso do autoconhecimento para não nos relacionarmos. Para evitar confronto. Para justificar o medo de nos deixarmos ver. O Eremita, nesse caso, vira sombra de si mesmo.

Não basta se retirar. É preciso saber o que estamos procurando lá dentro.

A LUZ QUE CAMINHA LENTA: O EREMITA NO TAROT

E se a resposta que você procura só puder ser ouvida no mais profundo silêncio?

Ele caminha devagar. Não porque está cansado, mas porque escolheu assim. O bastão toca o chão com cuidado. A lanterna não ilumina o caminho inteiro, apenas o próximo passo. E ainda assim, ele segue.

Esse é o Arcano IX: O Eremita. Não um fugitivo, mas um buscador.

Silêncio como portal, não como muro

Rachel Pollack nos lembra que o Eremita não é um solitário amargo. Ele não fugiu do mundo, ele escolheu um caminho mais fundo. Um caminho onde as respostas não chegam por grito ou opinião, mas por escuta. Uma escuta que é tão rara quanto sagrada.

Em um mundo onde tudo é barulho, o silêncio torna-se um ato de resistência espiritual. O Eremita é aquele que diz: “Espere. Antes de seguir, olhe para dentro”.

A lanterna e o bastão: símbolos da maturidade

A estrela de seis pontas na lanterna representa a união dos opostos. É a sabedoria que integra, não que separa. Ele não carrega tochas para incendiar ideias alheias, mas uma luz pequena e precisa, suficiente para iluminar o próximo passo do próprio caminho, e talvez inspirar outros a buscarem o seu.

O bastão, por sua vez, não é símbolo de fraqueza, mas de experiência. Ele mostra que o Eremita trilhou muitos caminhos antes desse. E agora caminha mais devagar, porque sabe o peso e o valor de cada escolha.

A solitude como iniciação

A carta nos convida ao recolhimento. Mas não aquele que sufoca. Não o exílio emocional. Mas o retiro consciente. A pausa que não é fuga, mas afeto por si mesmo.

Confesso que já temi o Eremita em algumas leituras. Ele aparecia e eu pensava: “De novo a solidão?”. Mas com o tempo entendi que essa carta não fala de estar só. Fala de estar com você mesmo. E, sejamos honestos, quantas vezes realmente estamos?

(E quantas respostas perdemos porque não escutamos... nossa própria voz?)

Quando o Eremita se perde de si mesmo (carta invertida)

Nem todo silêncio é sagrado. Nem toda solidão é sabedoria.

Quando a carta do Eremita aparece invertida numa leitura, ela nos mostra uma face mais sombria da introspecção: o retraimento que vira cárcere, a reflexão que vira paralisia, o silêncio que vira muro.

Rachel Pollack destaca que o Eremita invertido pode revelar:

  • Uma busca espiritual desconectada do mundo real (quase como uma fuga mística)

  • Rigidez interior: quando alguém se agarra à própria verdade e se fecha ao diálogo ou à empatia

  • Solidão dolorosa, imposta por circunstâncias, medo ou autossabotagem

  • Arrogância disfarçada de sabedoria: “eu sei mais, por isso não preciso de ninguém”


Talvez essa seja uma das armadilhas mais sutis do caminho espiritual: usar a própria busca como justificativa para não se comprometer. Para não se relacionar. Para não correr riscos.

Já fiz isso. Já me escondi atrás de livros, rituais, práticas e análises... fingindo que estava evoluindo, quando na verdade só estava me protegendo de ser visto. E amado.

A carta invertida nos faz essa pergunta incômoda: Você está se recolhendo para crescer, ou para se proteger?

Sabedoria que não precisa provar nada

Diferente do Hierofante, que representa a tradição, o Eremita carrega a sabedoria vivida. Ele não fala em nome de uma instituição. Ele fala porque ouviu. Porque viveu.

Em termos de leitura, o Eremita pergunta:

  • Que silêncios você anda evitando?

  • Que pergunta você tem medo de fazer a si mesmo?

  • Qual foi a última vez que você se retirou não para se esconder, mas para se reencontrar?


Epílogo com passos lentos

O Eremita caminha sozinho, sim. Mas nunca perdido. Ele não busca respostas imediatas. Ele busca verdade. E por isso, cada passo seu é inteiro.

Nem sempre você verá o caminho completo. Mas a lanterna ilumina o próximo passo. E isso basta.

(O resto, o tempo revela.)

Porque a sabedoria não grita. Ela sussurra. E só quem ousa caminhar em silêncio é que ouve.