A Força no Tarot: O Poder da Suavidade que Transforma

Descubra o significado profundo do Arcano VIII – A Força no tarot. Uma jornada entre instinto e espírito, onde a verdadeira coragem é a arte de sussurrar ao leão interior. Um artigo provocador, sensível e transformador.

TAROT

Nykalios

8/6/20253 min read

Entre dentes e doçura: a alquimia do autodomínio

Na tradição esotérica, especialmente como abordada por Rachel Pollack, A Força representa o ponto em que o herói do Tarot deixa de lutar contra o mundo exterior e começa a enfrentar a fera interna. Mas não para matá-la.

Porque o leão da carta não é o inimigo. Ele é o desejo, a raiva, o medo, o impulso sexual, a fome de viver. Ele é o que pulsa. E a mulher? É a alma que aprendeu a não reprimir nem ceder, mas dançar com essas forças.

Não há grilhetas. Há compreensão.

A suavidade como revolução

Vivemos num mundo que confunde poder com barulho, coragem com rigidez, força com domínio. Mas o tarô, como sempre, nos oferece uma lógica alternativa: e se a verdadeira Força estiver em manter a boca aberta não do outro, mas da própria raiva?

Rachel Pollack destaca que essa é a carta da alquimia interior. A mulher da imagem não está suprimindo o leão. Ela está o transmutando. E isso é um ato espiritual.

Sim, espiritual. Porque é fácil parecer forte quando tudo está sob controle. Difícil é manter a calma quando o mundo é uma tempestade e você não quer se transformar em raio.

A Força não se prova, se vive

Confesso que durante muito tempo achei essa carta entediante. Talvez porque eu esperasse dela a violência de Marte ou a disciplina de Saturno. Mas a Força é de outra ordem. Ela é de Vênus em Leão. Ela é a flor que nasce na fenda do concreto.

(E não raro, é essa flor que sustenta o mundo, mesmo quando ninguém está vendo.)

Em termos de leitura, essa carta nos pergunta:

  • Onde você está confundindo controle com repressão?

  • Que desejo você precisa acolher, em vez de negar?

  • Que parte sua está rugindo por atenção, e você tem medo de escutar?

O LEÃO E A MULHER QUE SUSSURRA: A FORÇA SEGUNDO O TAROT

E se a verdadeira coragem fosse, na verdade, uma gentileza?

Imagine a cena: um leão, olhos faiscantes, mandíbulas afiadas como a fúlia do mundo. Diante dele, uma mulher. Nem armada, nem em pânico. Apenas... presente. Ela não impõe. Ela sussurra. E o leão escuta.

Essa é a imagem do Arcano VIII, A Força, nas cartas do tarô. Um paradoxo tão antigo quanto urgente: a verdadeira força não ruge, ela respira.

A coragem de sentir (sem se perder)

No tarô, o Arcano VIII segue o Carro, a carta da conquista externa. Mas A Força é sobre o que vem depois da vitória: o que você faz com o poder que obteve?

Você o usa para dominar os outros? Ou aprende a domar a si mesmo?

Na verdade, pensando melhor, a Força talvez seja a verdadeira heroína do baralho. Porque não há glória em gritar mais alto, mas em ouvir mais fundo.

E quando a Força se inverte?

Pollack lembra que, invertida, essa carta pode indicar repressão extrema, raiva engarrafada, ou ainda uma passividade tóxica que se disfarça de paz. Às vezes, não ser violento é apenas medo de confronto, não sabedoria.

Não se trata de ser sempre gentil. Trata-se de ser inteiro. De saber quando acolher o leão e quando deixá-lo rugir.

Epílogo com mandíbulas suaves

Talvez a lição mais desconcertante da carta da Força seja essa: o instinto não precisa ser negado. Ele precisa ser ouvido. A alma que escuta a sua fîra interna torna-se sua aliada. E, com o tempo, aprende a sussurrar às suas próprias sombras até que elas adormeçam, ronronando.

(E que magia maior haveria que essa?)

Porque domar o mundo é fácil. Difícil mesmo é domar a própria fúria com ternura. Ser a mulher que caminha entre dentes e não sangra. Ser a Força que não fere, mas transforma.