Magia Não É Metáfora: É Desejo Vivo

Magia não é metáfora. É o desejo que se move, o gesto que acende e o invisível que responde. Descubra o que é magia em sua forma mais crua, sensível e real.

JORNADAS

Nykalios

8/3/20254 min read

Quando Eu Disse “Magia”, Não Era Metáfora

Você pode rir, se quiser.

Mas houve um tempo em que eu acreditava que os acontecimentos falavam comigo. Que o vento trazia respostas. Que a vela tremeluzia com intenção. Que o cheiro de uma planta podia me dar conselhos. E ainda acredito.

(Só aprendi a calar mais.)

Dizer “magia” nunca foi, para mim, um jeito poético de explicar coincidências.
Não era figura de linguagem. Nem metáfora. Nem fuga.

Era real.
É real.

E quanto mais o mundo tenta me convencer do contrário, mais meu corpo confirma:
A magia nunca foi ilusão, foi linguagem.

Foto de David Monje na Unsplash

Foto de Kyle Barr na Unsplash

Talvez magia não seja algo que se faz

Você já tentou não desejar nada por um único dia?

Não mentalizar, não projetar, não supor um futuro melhor, não pedir nada ao silêncio?
Impossível.

A verdade é que todo mundo, todo santo dia, está fazendo magia.
A diferença é que uns fazem sem saber, e outros decidem fazer sabendo.

Magia é isso: conhecer a linguagem do desejo e usá-la com intenção.
Não se trata de dominar a natureza. É aprender a se alinhar com ela.
Como uma vela que não cria o fogo, mas o abriga.

(Às vezes me pergunto se somos mesmo nós que fazemos magia… ou se é ela que nos faz.)

Foto de Alexey Turenkov na Unsplash

Magia não é sobrenatural. É o natural que a gente esqueceu de ver.

Se você prestar bastante atenção, vai perceber que o mundo sussurra o tempo todo.

A água responde à lua.
As marés seguem ritmos que nenhum CEO controla.
As plantas se curvam ao sol sem serem obrigadas.
E nós, apesar das roupas, dos boletos, dos aplicativos, ainda somos feitos disso.

A magia não está fora. Está no que pulsa dentro. Está na sua intuição que sussurra "por aqui não".
Está no arrepio que antecede um encontro que muda tudo.

O problema é que desacreditamos tanto do invisível que, quando ele nos toca, achamos que foi só sorte.
Ou azar.
Ou coincidência.

Como se o invisível fosse menos legítimo só porque não é visível.

(Eu já fui assim. Até demais.)

Magia é quando o mundo retribui

Tem gente que fala com vela. Tem gente que ora. Tem quem escreva carta pra uma deusa.
Tem quem dance, cante, acenda incenso, cave buraco, mergulhe em rio, desenhe sigilo. Tem quem só feche os olhos e confesse baixinho:

“Eu quero.”
“Eu aceito.”
“Eu entrego.”
“Eu sou.”

E aí algo responde. Não com palavras, com movimentos.

Foto de Sixteen Miles Out na Unsplash

A mensagem vem no atraso, no susto, no corte de cabelo, no ônibus que não passou, no beijo inesperado, na ligação que você hesitou em atender, mas atendeu.

A magia não responde como a gente espera.
Ela responde como precisa.

(É frustrante às vezes. Eu sei.)

Tem quem ache que é só ritual

Vamos deixar claro: ritual ajuda. Muito.
Mas magia não está nos objetos. Está no uso.

Você pode ter uma prateleira inteira de velas, cristais e livros…
e ainda assim viver sem um pingo de encantamento.

A questão não é o que você tem.
É o que você invoca.

E não estou falando de espírito, não (embora isso também seja real, mas outro papo).
Estou falando do que você ativa dentro de si quando decide agir com intenção, com foco, com desejo limpo.

Fazer magia é arriscar querer com o coração exposto.
É se comprometer com o que se pede.
É abrir mão do controle do “como”, e bancar o desejo mesmo assim.

Magia é linguagem. Mas também é risco.

Desejar é perigoso.

E desejar conscientemente, com gesto, com palavra, com símbolo, com emoção?
É um tipo de renascimento.
Porque não se pode desejar profundamente e continuar o mesmo.

A magia exige sacrifício.
Nem sempre literal, mas simbólico, sim.

Sacrificar uma crença.
Sacrificar o medo.
Sacrificar o velho para que algo novo entre.

A magia, no fundo, não realiza desejos.
Ela transforma quem deseja.

(E isso pode doer mais do que parece.)

E se for só imaginação?

Já me perguntaram isso.

E se for tudo coisa da sua cabeça?
E se o feitiço não mudou nada?
E se o universo não está ouvindo?

E se?

Mas sabe o que me intriga?
Mesmo quando é só imaginação, a vida muda.
A energia muda.
O jeito que você se sente muda.

E isso já é mágico.
Porque tudo muda quando você muda.

Então, se é real ou não, eu nem quero mais saber.
Prefiro viver como se fosse.
Porque nesse “como se” eu me reencontro.

E reencontrar-se, num mundo que nos exige tantas máscaras… já é feitiço suficiente.

Então, o que é magia?

É tudo o que você sente quando para de duvidar de si.

É o desejo que se move antes de se realizar.
É o gesto pequeno que carrega intenção gigante.
É a flor que você oferece à deusa que você nem tem certeza se acredita, mas oferece mesmo assim.

É o nome secreto que você escreve no papel e queimar.
É o choro que vem do nada e vira limpeza.
É o “sim” sussurrado com medo, mas ainda assim sussurrado.

É dançar sozinho de madrugada.
É acender vela sem motivo.
É ter motivo sem vela.
É escolher crer no invisível porque o visível já não basta.

É assumir, finalmente, que há algo em você que sabe.
Mesmo quando você não sabe explicar.

Magia é o que sobra quando todas as explicações falham,
e mesmo assim você sente.

E você? O que ainda não ousou desejar com o corpo inteiro?

Lua Cheia de Neven Krcmarek na Unsplash